A Covid-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus, que compromete o sistema respiratório dos pacientes contaminados. A equipe da linha de frente do combate à doença conta com um profissional fundamental para a recuperação dos pacientes que se encontram nos estágios mais graves da doença: o fisioterapeuta.

Egresso do curso de Fisioterapia e da Pós-Graduação da Funorte, Augusto César Lucas Alves é fisioterapeuta especialista em Terapia Intensiva e atua na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas Doutor Mário Ribeiro da Silveira, referência no atendimento a pacientes com Covid-19 na cidade de Montes Claros.

Augusto fala sobre a função que é desempenhada pelos fisioterapeutas nas UTI’s que acolhem pacientes com a Covid-19: “Nas Unidades de Terapia Intensiva, nós nos deparamos com o perfil de pacientes portadores do coronavírus em sua fase crítica, fase esta que demanda um cuidado mais criterioso, necessitando, em sua maioria, de auxílio do ventilador mecânico para reestabelecer a função ventilatória que acaba prejudicada com a evolução da doença. Nesse sentido, o Fisioterapeuta especialista em Terapia Intensiva atua na avaliação individual de cada paciente para que seja feita a correta programação do equipamento, atendendo de forma adequada à necessidade do paciente, levando em consideração uma série de fatores que, ajustados corretamente, aumentam significativamente a sobrevida desses pacientes.”

O profissional discorre também sobre as condutas tomadas pela equipe de fisioterapeutas durante o tratamento de pacientes com coronavírus. “Todas as condutas baseiam-se na avaliação do paciente e na evolução da doença. Na fase inicial da Covid-19, utiliza-se a oxigenoterapia, que é a oferta suplementar de oxigênio e o posicionamento adequado deste paciente para que ele consiga otimizar a capacidade pulmonar. Na fase grave da doença, auxiliamos na intubação, que é de responsabilidade da equipe médica; adaptamos o paciente à ventilação mecânica, programando o ventilador de forma adequada; realizamos a pronação (posicionamento de barriga para baixo) deste paciente quando necessário; objetivando uma melhor oxigenação pulmonar; avaliamos exames laboratoriais e de imagem para analisar a evolução do paciente e nos guiar para a melhor conduta; realizamos a aspiração de resíduos pulmonares, que podem dificultar a respiração do paciente; conduzimos a mobilização deste paciente enquanto internado, para que não ocorra perda de mobilidade e força muscular, dentre diversas outras condutas que realizamos em concordância com as atualizações cientificas.”.

De acordo com o fisioterapeuta, a participação da equipe multidisciplinar é primordial para uma boa recuperação dos pacientes. “Diariamente, elaboramos os planos de assistência, discutimos estratégias que agregam ao serviço e atuamos de forma coletiva e harmônica, visando à redução do tempo de internação do paciente e proporcionando uma assistência humanizada.”, ressalta.

Augusto expõe a importância do profissional fisioterapeuta nas equipes de saúde. “No atual cenário, em que existe uma escassez no mercado de fisioterapeutas especializados, já observamos o quão importante é a nossa presença nas UTI’s. Viabilizar um atendimento de qualidade aos pacientes, seja na pandemia ou em outro contexto, sem a participação do fisioterapeuta, seria nada menos que impossível. Nossa função se faz imprescindível, principalmente em situações críticas como a que estamos vivenciando.”

Ainda segundo Augusto, o trabalho do fisioterapeuta contribui grandemente para a melhora no quadro dos pacientes. Ele destaca: “A recuperação do paciente portador da Covid-19 é influenciada por vários fatores, como: presença de doenças associadas, idade do paciente e grau de comprometimento ocasionado pela Covid-19. Nesse contexto, o fisioterapeuta tem como função promover um cuidado assistencial de excelência, adaptando de forma efetiva o paciente ao ventilador mecânico, monitorando-o criteriosamente, discutindo com a equipe multiprofissional qual a melhor estratégia para condução do caso e utilizando técnicas cientificamente comprovadas para reduzir os danos causados pela permanência na UTI.”

Apesar de todos os desafios encarados pelos profissionais de saúde durante o combate ao coronavírus, como a falta de leitos nas UTI’s, a escassez mundial de insumos médico-hospitalares, a falta de testes rápidos, dentre outros vários problemas enfrentados, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), Augusto encontra inspiração para continuar a labuta contra a Covid-19. “É um grande momento em minha história profissional e acredito que na história de todos os profissionais da saúde que estão atuando diretamente com a situação. Muito aprendizado vem sendo adquirido, assim como muito conhecimento é exigido. Trata-se de um momento único de aprender, ensinar e praticar”, afirma o fisioterapeuta.

Augusto completa afirmando ter boas expectativas para a valorização do mercado da fisioterapia após o período de surto da doença. “Creio que, após a pandemia, teremos um campo de atuação mais amplo, devido ao grande número de pacientes que estão se recuperando e precisarão de acompanhamento fisioterapêutico para continuar com o processo de reabilitação, levando em consideração que a grande maioria das pessoas idosas que estão cumprindo a quarentena tendem a ficar mais debilitadas devido às restrições de locomoção e atividades físicas. Sem dúvidas a fisioterapia está desempenhando e continuará a desempenhar um papel importantíssimo para a saúde dos brasileiros. É o nosso momento”. 

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